Artrópodes definição, características, e exemplos

Carlos Lira Gómez. MSc. em Ciências Marinhas. Data: 06/04/2024.

Artrópodes são um filo de animais com corpo segmentado, coberto por um exoesqueleto quitinoso e um par de apêndices articulados para cada somito corporal. É o filo com maior diversidade de espécies do Reino Animal. Mais de 80% das espécies conhecidas pertencem a este grupo.

Características gerais das espécies de artrópodes

Algumas das principais características que definem este grupo são observadas durante as primeiras fases do desenvolvimento embrionário, tais como:

São organismos eumetazoários, triplásicos, esquizocelomados e protostômios, o que significa, em outras palavras, constituídos por numerosas células, cujo desenvolvimento embrionário se dá a partir de lâminas ou folhas embrionárias (ecto-, meso- e endocerma).

Além disso, possuem cavidades corporais cobertas por tecido mesodérmico (celoma) formado por um processo denominado esquizocelia. Seu sistema digestivo é constituído por um tubo com duas aberturas (boca e ânus), das quais a primeira a se formar é a boca (protostômios).

Outra característica que aparece no início do desenvolvimento dos artrópodes é a sua simetria bilateral, o que significa que possuem um único plano de corte imaginário capaz de produzir duas imagens iguais e opostas (espelho).

Segmentação e tagmatização

Os artrópodes, assim como os anelídeos, possuem um corpo metamericamente segmentado; porém, nestes últimos a segmentação é homônima (todos os mesmos segmentos), enquanto nos artrópodes é heterônoma (diferentes tipos de segmentos).

Esta segmentação heterônoma deve-se ao fato de nos artrópodes ter havido uma tendência à especialização de regiões corporais (tagmatização), apresentando pelo menos duas regiões claramente diferenciadas (tagmas): a cabeça e o tronco.

Parede do corpo

A característica mais distintiva dos artrópodes é o seu exoesqueleto, que é quitinoso e secretado pela hipoderme.

Este exoesqueleto vem na forma de placas esqueléticas chamadas escleritos. Cada somito corporal possui dois escleritos laterais, as pleuras; um esclerito dorsal, o tergito, e um ventral, o esternito.

O exoesqueleto deve ser eliminado periodicamente para que o animal possa crescer, processo conhecido como eliminação ou ecdise, e é controlado hormonalmente.

apêndices corporais

Outra das características mais evidentes dos artrópodes é a presença de um par de apêndices articulados para cada somito corporal.

Essa característica, além de ser responsável pelo nome do grupo (artro = articulado; podia = pernas), é, segundo alguns autores, uma das características que permitiu aos artrópodes ser o grupo de maior sucesso dentro dos animais.

Cada apêndice por sua vez possui vários segmentos ou segmentos, cuja forma e número dependerão do tipo de apêndice e da espécie.

Os apêndices corporais dos artrópodes, além de lhes permitirem uma locomoção eficiente, podem ser modificados e especializados para funções muito diversas, como funções sensoriais, captura de alimentos, natação, voo, entre outras.

Sistema circulatório

O sistema circulatório dos artrópodes é aberto e consiste em um coração com cavidades por onde entra o sangue (ostíolos), vasos sanguíneos, um seio pericárdico e lacunas hemocélicas.

O coração bombeia o sangue através dos vasos sanguíneos até as lacunas hemocélicas, onde banha as diferentes células e diferentes tecidos do corpo, daí é coletado por outros vasos sanguíneos e levado ao seio pericárdico, através das brânquias. Do seio pericárdico, volta ao coração através dos ostíolos para reiniciar o ciclo.

Respirando

A respiração dos artrópodes aquáticos é realizada principalmente através de brânquias, que podem estar localizadas externamente (como nos branquiópodes, por exemplo) ou internamente (caranguejos).

No caso da maioria dos artrópodes terrestres, o ar é conduzido quase diretamente para os diferentes tecidos e células através de um sistema de canais ou tubos traqueais que se abrem para o exterior através de orifícios chamados ostíolos.

Os aracnídeos, por sua vez, possuem uma estrutura respiratória chamada pulmão de livro, que possui paredes altamente vascularizadas e as trocas gasosas ocorrem por simples difusão.

A maior eficiência respiratória é alcançada graças à presença de pigmentos respiratórios, dos quais o mais comum é a hemocianina, embora a hemoglobina possa estar presente em alguns grupos.

Sistema digestivo

O sistema digestivo dos artrópodes é basicamente um tubo com duas aberturas, uma boca e um ânus. A parte anterior (estomodeu) e a parte posterior (proctodeu) derivam do ectoderma embrionário e são cobertas por uma cutícula.

A região média (mesenteron) é derivada do endoderma e contém o ceco que desempenha funções equivalentes ao fígado e ao pâncreas dos vertebrados, por isso são chamados de hepatopâncreas.

Os artrópodes também possuem diversos apêndices altamente especializados que, dependendo do grupo, auxiliarão no processo de alimentação, como mandíbulas, maxilas, quelíceras, entre outros.

Excreção

Nos artrópodes houve redução no número de estruturas excretoras, em comparação com outros artrópodes segmentados. Outra diferença é que esses órgãos excretores estão fechados e não abertos como os metanefrídios.

Os crustáceos possuem glândulas conhecidas como glândulas verdes ou, dependendo de sua localização, glândulas antenais ou maxilares. A maioria dos artrópodes terrestres possui túbulos de Malpigianos, que não se abrem diretamente para o exterior, mas para o trato digestivo.

Os artrópodes liberam ácido úrico como principal resíduo nitrogenado.

Sistema nervoso e órgãos dos sentidos

O sistema nervoso dos artrópodes é ganglionar e segue o arranjo anelídeo de um sistema nervoso em escada.

O “cérebro” dos artrópodes é formado por duas ou três regiões, dependendo do grupo, mas basicamente é composto por dois pares de gânglios dorsais e pré-orais, o primeiro par constitui o protocérebro e o segundo o tritocérebro.

Também consiste em um terceiro par de gânglios, o tritocérebro, que é ventral e pós-oral. Este último par de gânglios inerva um par de cordões nervosos que percorrem o corpo ventralmente e que apresentam ganglionações ao nível de cada somito do corpo; cada par desses gânglios é unido por comissuras laterais.

Os artrópodes não possuem cílios no tegumento. Os cílios são estruturas sensoriais por excelência na maioria dos invertebrados, mas nos artrópodes tiveram que ser substituídos por outras estruturas devido à presença do exoesqueleto.

Dentre as estruturas sensoriais dos artrópodes destacam-se os cogumelos, que em alguns casos permitem perceber estímulos táteis e/ou químicos, os olhos, que podem ser simples (ocelos) ou compostos, e os estatocistos (órgãos de equilíbrio).

Reprodução

A maioria dos artrópodes são dióicos (sexos separados), com reprodução interna, porém há exceções, por exemplo, os cirripedes são geralmente hermafroditas.

Geralmente há um par de gônadas, cada uma das quais se comunica de forma independente com o exterior através de um gonoduto que se abre em um gonóporo. Geralmente estão presentes órgãos copulatórios.

Os ovos de artrópodes, na maioria dos casos, apresentam vitelo abundante em posição central (centrolécitos), embora em alguns casos possam ser telócitos.

Pode haver ou não algum tipo de cuidado parental e uma larva (desenvolvimento anamórfico) ou um juvenil (desenvolvimento epimórfico) pode emergir do ovo. No caso de emergência de uma larva, ela pode sofrer inúmeras mudas e mudar gradativamente de forma até atingir a forma adulta (camarão peneídeo, por exemplo), ou a mudança pode ser abrupta (desenvolvimento metamórfico), como ocorre nas borboletas, por exemplo.

Trabalho de Carlos Lira Gómez, MSc. em Ciências Marinhas, para Léxico, em 06/04/2024.