A dramaturgia expõe e explora uma história por meio de ações e pretende ser representada, geralmente escrita por meio de diálogos expressos por cada um dos personagens participantes da trama. Ao contrário de outros gêneros literários, como o conto e o romance, a dramaturgia se caracteriza por nos mostrar o enredo e não se aprofundar na descrição nem da atmosfera, nem dos pensamentos ou sensações dos personagens, mas conta a história por meio de acontecimentos que podemos ver. na encenação e usa orientações para descrever, em traços muito amplos, o espaço e o tempo da ficção.
Vale ressaltar que o termo dramaturgia é utilizado para qualquer libreto ou roteiro que seja seguido em qualquer atividade artística cênica, porém, este texto se dedica exclusivamente ao seu uso na disciplina teatral.
Estrutura
A estrutura tradicional de um texto dramático responde ao que Aristóteles descreveu em seu livro Poética. O autor sugere que um texto dramático se desenvolva por meio de unidades: uma unidade de tempo, uma unidade de espaço e uma unidade de ação. O que foi dito acima implica que a história completa a ser representada ocorre no mesmo local, em um período de tempo específico e tem um único conflito a ser resolvido.
Por outro lado, o próprio Aristóteles propõe uma estrutura narrativa que serve para qualquer gênero literário cujo objetivo seja contar uma história, porém, aqui a vemos aplicada a textos dramáticos, em que cada uma das partes da estrutura proposta corresponde aos diferentes atos de peças clássicas.
No primeiro ato encontramos o cenário, o momento de apresentação dos personagens, o local e o tempo em que se encontram e em que ocorrerão as ações. A partir daqui, vemos uma série de aventuras que ocorrem à personagem principal e que nos levam ao aparecimento do conflito, que aparece explicitamente num segundo ato, que corresponde ao cerne ou desenvolvimento da trama. Geralmente, perto do final do segundo ato, vemos o clímax da ação; o ponto mais alto do conflito. Imediatamente, num terceiro ato, surge o desfecho, no qual é apresentada a resolução (ou não resolução) do conflito que o personagem principal enfrentou; neste ponto a tensão começa a diminuir e direciona o espectador para um anticlímax, uma forma de epílogo que oferece tempo para assimilar o que acaba de ser presenciado.
Note-se que, em boa parte dos textos contemporâneos, tanto os postulados referentes às unidades aristotélicas, como a estrutura clássica acima descrita, não são realizados de forma rigorosa. Em termos de unidade, hoje vemos peças que acontecem em espaços diferentes e se movem numa temporalidade não linear, e mais do que um grande conflito dramático, são montadas em torno de vários pequenos conflitos que dão forma e significado ao drama. A mesma situação ocorre com a estrutura tradicional; É cada vez mais comum ver obras que começam com o desfecho ou clímax, que são totalmente aclimatadas ou que omitem a apresentação de um epílogo.
Diferenças em gêneros dramáticos
Os gêneros dramáticos correspondem à classificação dos textos de acordo com seu conteúdo. Na Grécia antiga, a tragédia e a comédia eram consideradas gêneros. Na primeira, o personagem principal enfrenta o conflito fatal que leva a um fim trágico, na maioria das vezes, a morte. Em muitas obras clássicas, a tragédia costuma estar relacionada ao fato de o protagonista ir contra os desígnios dos deuses, ou seja, contra o destino. Já a comédia se caracteriza por representar acontecimentos ou conflitos menos solenes e as aventuras que os personagens enfrentam são simples e com um tom bem mais leve, além disso, o desfecho dos acontecimentos costuma ter final feliz.
Posteriormente, surgiram outros gêneros deles derivados, por exemplo, o drama, que se assemelha muito à tragédia, embora as situações que os personagens enfrentam tendam a ser mais cotidianas, ou seja, tenham um tom mais realista. Por sua vez, a farsa é um gênero que se pode dizer que vem da comédia, com a diferença de que na farsa os acontecimentos são muito extraordinários e exagerados, chegando ao grotesco.
Existem muitos outros gêneros que surgiram com o desenvolvimento da dramaturgia como exercício literário, entre eles encontramos a peça, que é considerada por alguns uma tragédia moderna e se caracteriza por começar e terminar conforme começa, seja de forma literal ou figurativa. , e geralmente envolve a morte real ou simbólica de um dos personagens principais. Por sua vez, o teatro do absurdo é um gênero derivado da farsa que se baseia em situações impossíveis se pensadas do ponto de vista do cotidiano ou do realista e utiliza figuras metafóricas ou oníricas para contar a história. Alguns outros gêneros dramáticos mais comuns são: melodrama, vaudeville e musicais.
Estilos de escrita contemporâneos
A forma tradicional de escrever drama segue a estrutura aristotélica por meio de diálogos nos quais algumas direções de palco são intercaladas. Porém, hoje em dia, esta forma de fazer dramaturgia já não é totalmente seguida; surgiram manifestações alternativas de escrita que propõem outras formas de expor a ação dramática para além do mero diálogo.
Uma dessas formas é a chamada narraturgia, em que partes do texto, ou mesmo todo o texto, apresentam os personagens narrando o que fazem, o que sentem ou como percebem as ações de outros personagens. Da mesma forma, alguns outros textos dramáticos suprimem o uso de personagens e eles não são mais nomeados, mas os diálogos são simplesmente numerados com travessões ou vinhetas. Propostas mais contemporâneas incorporam o uso de meios audiovisuais dentro da própria dramaturgia, e até mesmo meios digitais e interativos.
Como vemos, atualmente existem diferentes formas de escrever dramaturgia, porém, a constante ou principal característica que deveria ser inevitável é que nos é apresentada uma história que foi escrita para ser representada.